segunda-feira, fevereiro 18

Dez Passos para uma vida de oração melhor


Neste sempre atual e prático artigo do site da paróquia do Pe. Hans Jacobse, diretor do Instituto Ortodoxo Americano e editor de Orthodoxytoday.org, encontramos uma lista de passos práticos que qualquer um pode dar para deixar sua vida de oração mais ativa e poderosa.

1 - Reservar um espaço de oração: Seja no canto da sua mesa, ou um espaço no seu quarto, é importante ter um lugar onde você possa colocar sua Bíblia, ícones, etc. Dedique o uso deste espaço apenas a Deus.

2 - Reserve um tempo para a oração: Incorpore a oração na sua rotina e reserve um tempo para focar seus pensamentos em Deus.

3 - Adquira uma Biblioteca: Comece com a Bíblia, então arrume um pequeno livro de orações ortodoxas e depois comece a colecionar livros: "Living the Liturgy" (Pe. Stanley Harakas), "O Caminho de um Peregrino" (N.T. este é o único citado com tradução em português. A melhor edição é a da editora Pensamento, com notas explicativas), "For the Life of the World" (Pe. Alexander Schmemann), "Beginning to Pray" (Metropolita Anthony Bloom), "Bread for Life" (Pe. Theodore Stylianopoulos), "The Orthodox Way" (Bispo Kallistos Ware), "Way of the Ascetic (Tito Collander).



4 - Monte um altar: No seu cantinho de oração junte os ícones (de Cristo, da Theotokos, do Anjo da Guarda, do seu santo patrono), livros de ofícios, incenso, velas e lamparinas votivas, uma cruz, cordão de oração, etc. Ore com os seus cinco sentidos.

5 - Ore: Fale de coração. Aprenda as orações da Igreja. Tente a Oração de Jesus ou o Pai Nosso. Também use seus pensamentos e orações próprias.

6 - Tenha um mentor espiritual: Este é um passo muito importante. Construa uma relação ou com algum membro do clero, ou monge ou monja, que se tornará seu orientador espiritual. Ele ou ela irá te ajudar a guiar e dar ritmo a uma vida de oração equilibrada. O sacramento da confissão pode ocorrer com o seu padre.

7 - Jejum e Esmolas: O jejum acrescenta profundidade à sua vida de oração. O seu jejum deve ser regrado de modo a evitar danos físicos e espirituais. Quanto às esmolas, dê onde você vir que há uma necessidade e confie que o Senhor proverá.

8- Construa a partir do que já tem: Se você já tem uma rotina de oração, construa a partir daí. Se, por exemplo, você ora antes de ir dormir, será mais fácil ler um capítulo da Bíblia antes das orações da noite do que tentar arrumar uma hora durante o dia.

9- Santifique tudo que você faz: Mesmo que você tenha separado um lugar e um tempo para a oração, isso não significa que você deva separar a sua vida entre uma hora do "sagrado" e outra do "secular". Privadamente agradeça a Deus pelo que você recebe o tempo todo, e coloque diante dEle todas as suas preocupações e angústias. Dedique tudo que você faz a Ele.

10- Lembre-se do poder da Vivificante Cruz: O sinal da cruz é um lembrete constante de Cristo em nossas vidas. Persignar-se com a Cruz, juntando o dedo médio, indicador e polegar representa Santa Trindade. Os dois dedos restantes, dobrados sobre a palma, representam as duas naturezas de Cristo: Deus e homem. Os cristão ortodoxos persignam-se da cabeça ao peito, e de ombro a ombro, da direita para a esquerda. Este símbolo cheio de significado é singular e nos mostra que a cruz é inspiração, poder e, de fato, o próprio conteúdo das nossas vidas.





domingo, fevereiro 17

Os santos costumes de uma vida iluminada pela fé. Parte I



O cristianismo, quando verdadeiro, é uma forma de vida. Assim,  ele nunca  nos abandona, mas ao contrário,  transfigura nossos costumes, os ilumina, de modo que sem sermos santos ou virtuosos, ainda assim, desejamos, não por obrigação, mas por puro ato de nossas vontades livres, viver em tudo, inspirados pelas luzes da nossa fé salvífica. 

Muitos dos aspectos dessa manifestação cotidiana de nossa religiosidade, não estão gravados em cânones, não são necessariamente leis, e nem mesmo se configuram como aspectos fundamentais sobre o entendimento dogmático da fé, mas são sim, um fruto da Tradição, da vivencia real da comunidade cristã desde os primeiros dias, e que sustentados pela graça, prevaleceram como uma forma da natureza do povo de Deus.

E como o Cristianismo Verdadeiro é uma Forma de Vida, é naturalmente válido preservar esses frutos da Tradição Viva da Igreja.

Certa vez li uma boa definição sobre o peso desses santos costumes na vida da Igreja, advinda de um simples monge da Montanha Santa. Dizia o monge:

"A Tradição é o meio pelo qual, o caráter corruptor da passagem do tempo é abolido". 

E é exatamente assim! Se nós nos descuidamos da tradição (que é um continuo ato de transmissão, de uma geração mais velha para a mais nova, e isso é amor), nós tornamos todos os atos de nossa vida como descuidados.

E se a vida é o dom mais precioso que Deus nos deu, como podemos descuidar dela?

Temos então alguns artigos deste blog voltados para este tema (a piedade cristã ortodoxa), mas hoje buscamos neste artigo tratar de forma mais condensada, de elementos mais rotineiros, fundamentalmente uteis para aqueles que estão dando seus primeiros passos na direção da Santa Ortodoxia (catecúmenos, recém convertidos, ortodoxos já batizados mas que se mantiveram um pouco afastados da Igreja, ou mesmo os que ainda estão desenvolvendo um "namoro de longe", com a Igreja). 

Ele pode também ser útil aos párocos de nossas comunidades, no sentido de melhor educar os leigos, em uma caminhada de restauração de nossas tradições, que não são meras formalidades, mas ao contrario, são santos meios de manter a piedade, de uma forma natural e agradável. 

Que Deus permita que estas singelas considerações sejam uteis!



Aspectos do dia a dia:
Cumprimentos, Saudações. 


AO AGRADECER

Ao agradecer a um favor, o uso comum, secularizado, sem a lembrança de Deus em tudo, nos remete ao "Obrigado".  Assim fazem as pessoas educadas, certamente. 

Contudo, a 'boa educação" em uma realidade social no qual a lembrança de Deus se esvai rapidamente,não abarca a memória da graça de Deus em nossas vidas. 

Assim, agradecemos uns aos outros como se tudo apenas se centrasse em nós. 

Um cristão, se deseja agradecer a um amigo que lhe auxilia (seja em algo grande ou mais simples), vai tratar de desejar ao seu auxiliador aquilo que há de melhor: A Salvação. 

E assim, considerando sempre que o nosso objetivo final, a nossa meta é estar com Deus para toda a eternidade, o homem cristão agradece a um favor desta forma:

"Deus te salve !"

Qualquer um pode compreender que um simples "obrigado", pode ser dito mecanicamente, sem sentimento real de gratidão, um mero ato de formal cordialidade. 

Contudo, se você diz algo tão fortemente marcado como um desejo pessoal para a vida do seu auxiliador como um "Deus te salve", cria-se nisso uma real vinculação afetiva, de concreta gratidão, pois nada mais alto poderia ser desejado para o bem de alguem. 

Experimente dar essa resposta ao vendedor de bilhetes do metro, por exemplo. Isso poderá ser a única palavra sobre Deus e a salvação dos homens que aquele seu irmão em Cristo pode vir a receber naquele dia. E isso pode fazer toda a diferença na vida dele. Quem sabe?

E como podemos responder a este agradecimento e prece, ofertado a nós por um amigo?

Novamente, o sentido aqui é colocar Deus no lugar certo em nossas vidas: O centro de tudo. 

Por qual razão desejamos ser salvos? Para que Deus seja glorificado! Veja, nossas vidas são uma manifestação da benevolência de Deus. Nós só existimos em razão de Deus amar, de Deus ser amor. Não há razão para as nossas vidas, sem considerar o amor para além de todo o entendimento, o amor que vem de Deus. 

Assim, respondemos ao "Deus te salve" com  um

"Para a Glória de Deus".   

Pois bom será, para glorificarmos a Deus, que sejamos salvos. Não por nós, mas para a Glória de Deus. Será que podemos compreender o quão significativo é a distinção de "Para a Glória de Deus", comparado como secular "Por nada..."? 


AO VISITAR ALGUÉM

Ao chegar a casa de um amigo, saudamos a família com um desejo :

"A Paz para sua casa."

Sobre qual paz estamos fazendo menção? Certamente: A Paz Verdadeira, a Única Paz , a Paz de Cristo.

Se desejamos Paz, é em razão de trazermos conosco esta mesma paz, a luz em nós da fé no Salvador, a certeza de que Cristo Ressuscitou, que Vive, e que ilumina a todos os que O seguem. 

Um cristão é um  luzeiro ambulante. Ele vai e carrega consigo a luz de Cristo. Ele é um propagador da Paz, um emissário desta Paz. 

E como responde o anfitrião cristão a esta manifestação de amor vinda do visitante? Com a retribuição que os identifica como membros do mesmo rebanho:

"É recebido com Paz."

Logicamente, o anfitrião fala da mesma e luminosa Paz do Senhor. Aquela que pôs fim a todas as contendas do mundo. 


SAUDAÇÃO ENTRE OS PADRES



Entre os clérigos (diáconos, presbíteros e bispos), há uma saudação especial, que marca a certeza entre os membros do clero, de que a graça do Espirito Santo derramada sobre os Santos Apóstolos de Cristo, permanece viva entre os sacerdotes da Igreja Una. 

Dizem então, um ao outro, o mais velho ao mais novo:

"Cristo Está Entre Nós !"

Ao que se responde:

"Está e Estará!"

Essa saudação é própria dos membros do clero, pois marca a condição da graça santificante, derramada de modo especial sobre a Igreja em seus clérigos, os Pastores do Aprisco do Senhor. 

Sacerdotes que se cumprimentam fazendo menção ao Cristo que os une (entre eles, aos Pais da Igreja, aos que viram ainda antes da Parousia), podem com mais facilidade nunca esquecer, que a despeito dos aspectos mais formais dos ritos e formulas litúrgicas, o que torna tudo sagrado na ação sacerdotal, é a graça santificante, o Cristo entre eles, pela ação do Espirito Santo, que a tudo preenche. 


Quando das Festas da Santa Natividade e da Santa Páscoa da Ressureição do Senhor

Quando o mundo comemora os ganhos pecunarios da "Festa de Natal" e o "Domingo de Páscoa", os cristãos guardam nesses dias as alegrias espirituais da Transfiguração da Natureza Humana em virtude da Encarnação de Deus entre os homens e a Destruição da Morte e do Inferno, por obra da Ressurreição de Cristo. 

NO NATAL

Logo, o jubilo diante da lembrança desses eventos definitivos e os mais importantes da historia humana (da própria condição humana), são tratados de forma distinta pelos cristãos, que quando da Natividade de Nosso Senhor, Deus e Salvador, dizemos com verdadeira alegria:

"Cristo Nasceu!" 

Veja, é um anuncio jubiloso, é uma partilha da fala dos Anjos aos Pastores, é um clamor ao mundo sobre o fim de nossa condição desgraçada. Eis que um simples "Feliz Natal" não abarca isso!

Afinal de contas, como pode existir um "Natal infeliz"? Eu devo desejar que você tenha um "Natal legal"? Pois há chances de se transformar o sentido absolutamente transformador da Natividade? Depende então do meu humor?

Não queridos! A Natividade aconteceu! Eis que estamos diante de uma maravilha, do impensável, da dispensação da graça maior, do Esvaziamento de Deus, da Encarnação!

E como se responde ao "Cristo Nasceu"?  Será com um indigente "Ah! É mesmo!"? Não, não...

Diante de uma noticia feliz, extraordinária, da mais extraordinária das noticias, nós simplesmente reconhecemos a nossa pequeneza diante do Mistério Sagrado e respondemos com toda a fé na realidade da notícia:

"Glorifiquemo-Lo!" 

Nós damos glória a Deus pela Encarnação! Nós rejubilamos, nós nos encantamos, nós sabemos que algo verdadeiramente extraordinário, sem igual, ocorreu, e para o nosso bem, por obra do Amor de Deus. Não é um simples feriado, não é uma mera festividade. É o anuncio de um mistério tremendo, insondável, diante do qual nos curvamos, com fé e temor. 

NA PÁSCOA

A Santa Ressurreição de Nosso Senhor, Deus e Salvador Jesus Cristo, é a "Festa das Festas", é o ápice da vida dos cristãos, é o anuncio anual sobre a nossa esperança. 

Por razões comerciais, o mundo fez na Santa Natividade a "festa de Papai Noel", transformando a memória da Encarnação de Deus entre os Homens no grande feriado comercial mundial. E nisso, a Santa Ressurreição de Cristo é caracterizada como o "festival anual do chocolate". 

O cristão deve lutar para não trazer para a sua vida, as marcas deste escárnio, e quando do tempo luminoso da Santa Ressurreição do Senhor, devemos clamar com a mais vívida alegria:

"Cristo Ressuscitou !"

Eis o brado que diz tudo, absolutamente tudo sobre nossa esperança, sobre as razões para nada neste "vale de lágrimas" ser o suficientemente grave para nos fazer perder a fé. O Senhor Deus e Homem, que Encarnado transfigurou a nossa carne, uma vez morto pela maldade dos homens, ao Terceiro Dia Ressuscitou, tendo através de Sua morte destruído a própria morte e o (poder) do inferno. Tudo está absolutamente resolvido, e foi pelo Cristo, não por nossos esforços. 

Quando então recebemos esta saudação-notícia, a reafirmamos como uma prova de nossa adesão ao Senhor:
"Em Verdade Ressuscitou !" 

O mundo nega a Ressurreição, pois para se manter em iniquidade não pode reconhecer a Páscoa Santa e seus efeitos, dái buscar tranformar o Rio de Fogo saído do Sepulcro vazio em um rio de chocolate. Mas nós devemos evitar nos confundir com o mundo, e estando nele, confirmar sem medo: Em Verdade Ressuscitou!


Santa Brígida




Santa Brígida, a Maria de Gael
01 de fevereiro

Santa Brígida, "a Maria do Gael", nasceu por volta de 450 em Faughart, cerca de 2Km de Dundalk em County Louth. Segundo a tradição, seu pai era um pagão Dubthach nomeado, e sua mãe era Brocessa (Broiseach), um de seus escravos.

Mesmo como uma criança, ela era conhecida por sua compaixão para com os pobres. Ela dava comida, roupa, e até mesmo bens de seu pai para os pobres. Um dia ele levou Brigid à corte do rei, deixando-a de fora para esperar por ele. Ele pediu ao rei que comprasse sua filha, uma vez que sua generosidade excessiva fez muito caro para ele manter. O rei pediu para ver a menina, então Dubthach levou-o para fora. Eles foram a tempo de vê-la dar a espada de seu pai a um mendigo. Esta espada havia sido apresentado ao Dubthach pelo rei, que disse: "Eu não posso comprar uma menina que nos mantém tão barato."

Santa Brigida recebeu tonsura monástica nas mãos de São Mael de Ardagh (6 de fevereiro). Logo após isso, ela estabeleceu um monastério em terra dada a ela pelo rei de Leinster. A terra foi chamada Cill Dara (Kildare), ou "a igreja do carvalho." Este foi o início do monaquismo cenobítica de mulheres na Irlanda.

Os milagres realizados por Santa Brigida são numerosos demais para relatar aqui, mas talvez uma história será suficiente. Uma noite, a santa abadessa,  estava sentada com a freira Dara, que era cega . Do crepúsculo ao amanhecer falavam das alegrias do Reino dos Céus, e do amor de Cristo, perdendo a noção do tempo. Santa Brigida ficou impressionada com a beleza da terra e do céu na luz da manhã. Percebendo que a irmã Dara foi incapaz de apreciar essa beleza, ela ficou muito triste. Em seguida, ela rezou e fez o sinal da cruz sobre os olhos da Dara. Os olhos da freira cega foram abertos e viu o sol no leste, e as árvores e flores brilhando com o orvalho, tudo de uma vez. Ela olhou por um tempo, depois se voltou para Santa Brigida e disse: "Feche os olhos de novo, querida Mãe, por que o mundo é visível aos olhos, então Deus é visto de forma menos clara pela alma." Santa Brigida orou novamente, e Dara ficou cega mais uma vez.

Santa Brigida adormeceu no Senhor, no ano 523 depois de receber a Sagrada Comunhão de São Ninnidh de Inismacsaint (18 de janeiro). Ela foi enterrada em Kildare, mas as suas relíquias foram transferidas para Downpatrick durante as invasões vikings. Acredita-se que ela foi enterrada no mesmo túmulo com São Patricio (17 de março) e São Columba de Iona (9 de junho).

No final do século XIII, sua cabeça foi trazida para Portugal por três cavaleiros irlandeses em sua maneira de lutar na Terra Santa. Eles deixaram esta relíquia sagrada na igreja paroquial de Lumiar, cerca de 3Km de Lisboa. Porções da relíquia foram trazidos de volta para a Irlanda em 1929 e colocados em uma nova igreja de St Brigid em Dublin.

As relíquias de Santa Brigida foram destruídas na Irlanda no século XVI por Lord Grey durante o reinado de Henrique VIII.

A tradição de fazer cruzes de Santa Brigida de juncos e pendurá-las nas casas é seguido na Irlanda, onde a sua devoção ainda é forte. Ela também é venerada no norte da Itália, França e País de Gales.


CRUZ DE SANTA BRÍGIDA




ICONE PARA IMPRESSÃO


Os Simbolismos da Liturgia dos Catecumenos - Adoração a Deus



Quem são  os catecúmenos?
Os catecúmenos são aqueles que estão se preparando para se tornar cristãos.

Por que durante os primeiros séculos os catecúmenos não podiam participar de toda a liturgia?

São Cirilo de Jerusalém explica a respeito da situação dos catecúmenos: 

"as palavras divinas ecoam ainda distantes deles, [...] são ouvintes dos ensinamentos cristãos, mas esses ensinamentos ainda não penetraram em sua alma; não foram compreendidos e apenas ecoam . Portanto, um longo período de instrução é considerado necessário, por isso, quando um catecúmeno recebe o Batismo ele / ela está pronto para receber a graça santificante, que é transmitida através dos sacramentos sagrados. Além disso, o sacrifício litúrgico é oferecido pela Igreja para a Igreja e os catecúmenos ainda não fazem parte da Igreja."

Qual é o propósito da Liturgia dos Catecúmenos?

A Liturgia dos catecúmenos tem principalmente um caráter catequetico. Ela contém as leituras do Evangelho e as Epístolas e, claro, a homilia, geralmente logo após o Evangelho.

Qual é a estrutura da Liturgia das Catacúmenos?

a. Parte introdutória (As três prostrações em frente à Santa Mesa e a invocação do Espírito Santo, a grande bênção, a Grande litania , as antífonas e as pequenas ladainhas)

b. A Pequena Entrada ou Procisão com o Evangelho

c. O Trisagion (Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal ...),

d. As leituras bíblicas (Epístolas, Evangelho e a homilia),

e. As orações após o Evangelho (a Litania Triplice, a oração da Súplica e fervorosa, a abertura do Santo Antimension e a Litania dos Catecúmenos.)

 
Por que a liturgia tem seu inicio com a bênção?

Todo  ofício liturgico começa com a glorificação a Deus: Bendito é o reino do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Segundo  São Nicolau Cabasillas, qualquer oração deve ter quatro partes: a primeira institui a glória a Deus, a segunda nós agradecemos a Ele por Seus grandes dons a nós proporcionados, a terceira ,  o nosso reconhecimento de nossos pecados, e por fim, a nossa suplica por aquilo que achamos que necessitamos. 
 

O que são as Litanias ?

As litanias são uma série de orações através das quais  o mediador da Igreja oferta uma súplica pelos seus membros. 

As Litanias  são ditas pelo diácono no meio da Igreja.  Depois de cada súplica, as pessoas reconhecem seu desejo, dizendo: "Senhor, tem piedade" ou "Amém". 

Desta forma, a Igreja reza unida, clamando a Deus,  tendo o mediador para com Deus no Sacerdote. O diácono está no meio da Igreja (ou fora do Santuário), porque Ele representa a voz unida dos fiéis em oração.

As palavras "Senhor, tem piedade" tem um duplo significado, de acordo com São Nicholas Cabasillas: "É a oração do povo que reconhece o quão grande é a bondade do  Juiz Supremo, e de quão grave é a sua própria culpa. Isto significa que essas palavras são  simultâneamente, uma  confissão das próprias falhas e um reconhecimento sobre a bondade de Deus "

O que  são as antífonas?

As antífonas são partes dos salmos messiânicos, que profetizaram a vinda de Cristo. 
Elas representam o período em que Cristo estava no mundo, mas ainda era desconhecido. 

As antífonas representam o período até São João Batista, quando o mundo precisava de profetas para anunciar a vinda de Cristo. 

Já a terceira antífona está geralmente associada com os temas próprios do calendário  eclesiástico, que aponta um tropario (pequeno hino) relativo a festa celebrada no dia, ou com a leitura das bem-aventuranças.

Qual é o simbolismo da leitura das bem-aventuranças?

As bem-aventuranças são parte do Sermão da Montanha, o primeiro ensinamento público do Salvador. Elas representam o início da missão pública de Jesus Cristo. 

O que representa a Pequena Entrada com o Evangelho?

A Pequena Entrada representa a entrada  do Senhor no mundo. 

O Evangelho, que contém a Palavra de Deus representa o próprio Cristo.

É por isso que o coro canta " Vinde, adoremos e prostremo-nos diante de Cristo ". 

As velas carregadas pelos acólitos neste momento representam a luz espiritual trazida por Cristo para o mundo através de seus ensinamentos, sendo os castiçais simbolos dos Profetas que profetizaram  a vinda de Cristo.

As palavras ditas pelo diácono com o Evangelho : "Sabedoria , fiquemos de pé" são entoadas para ajudar as pessoas a reconhecer a presença de Cristo na Igreja. 
Eles são repetidas novamente e com a mesma finalidade  antes da leitura do Evangelho.

Por que  se canta o Trisagion?

Esse hino é uma memória do canto dos anjos. A palavra "Santo" cantada  neste momento,  é o hino dos Serafins. Através deste hino, a Igreja reconhece o Único Deus em Sua Trindade e também reconhece que os anjos, juntamente com os homens estão unidos em uma Unica Igreja através da vinda de Cristo, Aquele que está acima dos céus e ao mesmo tempo sobre a terra. 

Qual a razão para a  leitura da Epístola?


A leitura da Epístola  simboliza o envio dos Apóstolos para todo o mundo. A incensação feita pelo diácono durante a leitura da Epistola é feita em honra do Evangelho que será posteriormente  lido e representa a fragrância dos ensinamentos de Cristo, que se espalharam por toda a Igreja, através dos Santos Apóstolos.

E a Leitura do  Evangelho?


A leitura do Evangelho representa a plena manifestação de Cristo para o mundo, que é o próprio Cristo ensinando ao povo. É por isso que, antes e depois os fiéis dizem: "Glória a Ti Senhor, Glória a Ti".

O que representam os últimos atos da Liturgia dos Catecúmenos?

A abertura do Santo Antimension representa a abertura do túmulo de Cristo, a limpeza das partículas no antimension com a esponja representa a união futura dos catecúmenos com a Igreja. 

As palavras "Retirai-vos catecúmenos" representa não só  saída dos catecúmenos da nave, mas também o juízo final, quando após o anúncio do Evangelho ter sido levado a todo o mundo, todos os homens serão separados  em dois grupos  diante de  Jesus Cristo: os justos e os impenitentes.




Todo  ofício liturgico começa com a glorificação a Deus:

"Bendito é o reino do Pai e do Filho e do Espírito Santo."



Rev. Presbítero Vasile (Tudora).




Conhecendo a Igreja : Os Santos Ícones




Uma das primeiras coisas que mais causa impacto a um visitante não-ortodoxos em uma Igreja Ortodoxa é o lugar de destaque atribuído aos Santos Ícones. 

O Iconostase é coberto com eles, enquanto outros são colocados em lugares de destaque em todo o edifício da Igreja. 

As paredes e o teto são cobertos com pinturas murais icônicas. Os fiéis ortodoxos se prostram diante dos ícones, beijam e queimam velas diante deles. 

Eles são incensados pelo clero e transportados em procissões. 

Considerando a importância óbvia dos Santos Ícones, perguntas podem certamente ser levantadas em relação aos mesmos: O que esses gestos e ações querem dizer? Qual é o significado dos ícones? Eles não são ídolos ou coisas do gênero, proibidas pelo Antigo Testamento? 

Os ícones têm sido utilizados para oração, desde os primeiros séculos do cristianismo. Sagrada Tradição nos relata por exemplo, da existência de um ícone do Salvador escrito durante sua vida (o ícone "não feito por mãos humanas") e de ícones das Toda Pura e Santa Mãe de Deus feitos com Ela com modelo. 

Há provas de que a Sagrada Tradição da Igreja Ortodoxa teve uma compreensão clara da importância da importância dos Ícones desde o início, e este entendimento nunca mudou, pois é derivado dos ensinamentos sobre a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. 

"Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.." (João 1:18), proclamou o evangelista. 

Isto é, Ele revelou a imagem ou ícone de Deus. 

Por ser o brilho da glória (de Deus), e a expressa imagem da pessoa(de Deus) (Hebreus 1:3), a Palavra de Deus Encarnada revelou ao mundo, em sua própria divindade, a imagem do pai. 

Quando São Felipe pergunta a Jesus: "Senhor, mostra-nos o Pai", Ele lhe respondeu: "Já estive com você por tanto tempo, e ainda assim você não me conhece, Felipe? Aquele que me vê, vê o Pai" ( João 14:8-9). 

Assim como o Filho está no seio do Pai, da mesma forma depois da encarnação Ele é consubstancial com o Pai, segundo a Sua divindade , igual em homenagem a ele. 

A verdade acima expressa, o que é revelada no Cristianismo, e é tal os fundamentos da arte pictórica cristã. 

A imagem (ou ícone) não só não contradiz a essência do cristianismo, mas é infalivelmente a ela ligada, e este é o fundamento da tradição que, desde o início A Boa Notícia foi trazida ao mundo pela Igreja, tanto na palavra e imagem. 

São João Damasceno, um "Pai" da Igreja do século VIII, que escreveu sobre a crise iconoclasta (anti-ícone) , explicou que devido "a Palavra de Deus ter se feito carne" (João 1: 14), já não estamos na nossa infância, crescemos, nos foi dado por Deus o poder de discernimento e sabemos o que pode ser representado e o que é indescritível. 

Desde quando a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade no apareceu na carne, podemos retratá-lo e reproduzi-lo para a contemplação de Quem tem a condescendência de ser visto. Podemos confiantemente representar Deus invisível - não como um ser invisível, mas como um que se fez visível por nossa causa através da partilha em nossa carne e sangue. 

Os Santo Ícones desenvolvidos lado a lado com os Serviços Divinos e, como os serviços, expressam os ensinamentos da Igreja, em conformidade com a palavra da Sagrada Escritura. 

Seguindo o ensinamento do Sétimo Concílio Ecumênico , o ícone é visto não como simples arte, mas sim que existe uma correspondência completa do ícone com a Sagrada Escritura. 


A palavra da Sagrada Escritura é uma imagem, posto que a imagem também é uma palavra, pois de acordo com São Basílio, o Grande " Representando o divino, não estamos a fazer-nos semelhantes aos idólatras, pois não é o símbolo material que estamos adorando, mas o Criador, que se tornou corporal para o nosso bem e assumiu o nosso corpo a fim de que através dele Ele pudesse salvar a humanidade." 

Também se venera os objetos materiais pelos quais a nossa salvação foi realizada - a madeira da abençoada Cruz, o Santo Evangelho, Santas Relíquias dos Santos, e acima de tudo, o Precioso Corpo e Sangue Vivificante de Cristo, que pela Sua graça confere propriedades de Poder Divino. 

Os cristãos ortodoxos não veneram um ícone de Cristo por causa da natureza da madeira ou da pintura, mas sim veneramos a imagem inanimada de Cristo, com a intenção de Cristo, adorando o Deus encarnado através dele. 

Nós beijamos um ícone da Virgem Maria como Mãe do Filho de Deus, assim como nós beijamos os ícones dos Santos como amigos de Deus, que lutaram contra o pecado, imitando Cristo derramando seu sangue por Ele e seguindo os Seus passos. 

Os santos são venerados como sendo aqueles que foram glorificados por Deus e que se tornaram, com a ajuda de Deus, terríveis para o inimigo, e benfeitores aos buscadores da fé. 

Os Santos ícones são como um ponto de encontro entre os membros vivos da Igreja [militante] na terra e os Santos que passaram para a Igreja [Triunfante] no céu. 

Os Santos representados na Ícones não são figuras remotas, lendárias do passado, mas sim contemporâneos, nossos amigos pessoais. 

Como ponto de encontro entre o céu e a terra, os ícones de Cristo, Sua Mãe, os Anjos e os Santos constantemente lembram aos fiéis da presença invisível de todo o Céu, que visivelmente expressam a idéia do Céu na Terra.

  




Santo Atanásio, o Grande
Arcebispo de Alexandria (c. 297-373)

Nós, os fiéis, não adoramos os ícones como deuses. De modo algum, como pagãos; ao invés disso, estamos simplesmente expressando nossa relação e o sentimento de nosso amor para com a pessoa cuja imagem é mostrada no ícone. Por isso muitas vezes quando a imagem se desvaneceu, nós a queimamos no fogo, como então uma madeira plana, que anteriormente era um ícone. Assim como Jacó, ao morrer, curvou-se em adoração ao bordão de José [cf. Hebreus 11:21], não honrando o bordão, mas aquele a quem pertencia, da mesma maneira os fiéis, por nenhuma outra razão, veneram [beijam] os ícones, assim como nós muitas vezes beijamos nossos filhos, para que possamos claramente expressar o afeto [que sentimos] em nossa alma. Pois, assim como os judeus que uma vez adoraram as tábuas da Lei e as duas esculturas de ouro dos querubins, não honravam a natureza da pedra e do ouro, mas o Senhor que as havia dado.


(39ª Questão a Antíoco)

segunda-feira, fevereiro 11

Para Aprender Canto Bizantino


São Romanos, o Melodista
Grande poeta e músico

Para quem gostaria de aprender música bizantina de graça pela internet, eu selecionei os seguintes links que ajudarão muito nesse trabalho. Vale lembrar que o próprio canto gregoriano nada mais foi do que a adaptação para o latim da música bizantina, originalmente cantada em grego.
Primeiro os melhores:



Um excelente site com bastante exemplos e teoria musical.

Excelente material teórico para compreender a música bizantina.

Um site bem prático e didático para aprender a cantar, para vozes masculinas e femininas.

Mais um site de aprendizado online, com muito material teórico que falta no primeiro.

Uma série de podcasts com uma workshop online de aprendizado de música bizantina com um professor profissional.

Mais um site para aprendizado online de música bizantina e também com sólido embasamento teórico, além de recomendar excelentes links.

Infelizmente um dos melhores links, para um livro que ensina a ler e escrever música bizantina está desativado. Mas eu encontrei links paralelos para o mesmo material aqui: 

Desse site, eu recomendo fortemente o pdf que o autor fez "traduzindo" os oito tons bizantinos para notações ocidentais modernas. Facilita *muito* para entender a melodia:
Um trabalho de documentação e artigos sobre música bizantina.

E os outros:









Alguns links de caráter acadêmico.

Links e artigos.

Site de uma paróquia ortodoxa dos EUA. Bom material sobre notação musical bizantina.

Cantores oficiais do Patriarcado.
Textos de algumas músicas e outros arquivos interessantes.





Exemplos de cantos para baixar.


Exemplos de cantos para baixar.